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Oitenta e cinco pilotos, representando trinta e sete países diferentes e os melhores karts e motores disponíveis no planeta, com a mais moderna tecnologia e os melhores profissionais trabalhando para as equipes oficiais de fábrica, ou satélites com apoio dos fabricantes. Decerto um panorama altamente competitivo que representa bem a importância no cenário do kartismo internacional do que foram nesta semana as provas da categoria Mini, na etapa de abertura em La Conca (Itália), do fantástico WSK Master Séries, o certame de maior prestígio internacional.
E é nesse ambiente altamente competitivo de disputa de altíssimo nível entre os melhores do planeta, como se fosse uma Copa do Mundo de Futebol mixada com o ambiente da F1, que aportou um ilustre desconhecido para o mundo do karting europeu, o kartista paulista Giuliano Raucci (Refrigerantes Dolly/Energy Corse).
Com 12 anos de idade recém completados, Giuliano que compete no Brasil na categoria Junior Menor ainda não tem idade suficiente para ingressar na classe KF3. A classe definida pelos critérios europeus foi a 60 Mini. A equipe, o team de fábrica Energy Corse, uma das mais importantes do cenário internacional.
Reconhecido no Brasil como um dos mais talentosos pilotos de sua geração e também na Ásia, após sua ótima participação no Red White Sangari International Grand Prix – em 2010 –, quando foi vice-campeão da categoria Rotax MicroMax no certame, era vez de fazer o percurso inverso de seus ancestrais e “fazer” a Europa.
Uma semana, sem duvida alguma, de muito aprendizado, afinal Giuliano Raucci teria de aprender rapidamente o sistema de trabalho das equipes européias em grandes competições, utilizando um chassis desconhecido e diferente do que está habituado, com um motor de reações e desempenho diferente dos utilizados no Brasil e compostos de pneus que desconhecia as reações. Somando-se a isso, ainda teria de aprender os segredos do circuito de La Conca e adaptar-se ao frio clima europeu.
Mas desde o primeiro treino livre da semana, Raucci conseguiu mostrar na pista um bom desempenho. Seu talento natural, as preciosas orientações de seu coach, Renato Russo e o competente trabalho da Energy Corse, surtiam efeito.
Na tomada de tempos classificatórios, que definiria a posição no grid nas quatro provas qualificatórias um elemento a mais de dificuldade: Chovia em Muro Leccese (Lecce), região em que estavam situados os 1.250 metros do Circuito La Conca. Giuliano teria de descobrir o desempenho dos pneus de chuva, o grip da pista e o melhor traçado com a pista molhada, durante as poucas voltas do treinamento de classificação. Mesmo assim, ficou com o 27º tempo, entre os 85 participantes, o que determinava a décima segunda posição na grelha de partida nas quatro corridas qualificatórias.
Foi sétimo na primeira qualyfying heat, décimo segundo na segunda, quarto na terceira e terceiro na ultima qualificatória, já lutando direto pela vitória. De resultado, a sétima posição na tabela de classificação e a quarta colocação no grid da Pré-Final A.
Assim, na Pré-Final A, Giuliano Raucci largou na segunda fila do grid de 34 micromonopostos, preenchendo a quarta posição do partidor. Uma de suas características que mais surpreendeu os europeus (e os adversários) foi sua capacidade de sempre largar bem, conquistando posições.
Autorizada a partida, Giuliano pulou para a terceira posição, buscando pressionar o segundo colocado. A chuva tinha ido embora e com a pista seca o ritmo dos ponteiros era avassalador, mesmo para uma prova de apenas oito voltas e qualquer erro seria fatal para as pretensões de vitória. Uma das curvas de La Conca havia se tornado o “Calvário” de muita gente, já que era comum ver-se alguém freando um pouco depois e passando reto na dificultosa curva. Com a prova chegando em seu final, o “Dollynho” – como é conhecido nas pistas o piloto paulista – forçou um pouco a mais, tentando assumir a segunda posição, mas acabou errando na freada e perdendo o ponto de tangência. Para não passar reto, Raucci abriu mais o traçado, sendo ultrapassado por dois concorrentes de uma vez.
As chances de vitória haviam sumido com o pequeno erro, mas com o quinto posto na Pré-Final estava garantida a participação do piloto da Energy Corse na prova decisiva da rodada.
Na bateria final Raucci alinhou em décimo, na quinta fila e ao lado do russo Ilya Kulemetyev. A pole position da final ficou com o também russo Alexander Vartanyan.
Sua expectativa era de fazer novamente uma boa largada, mas na aproximação da primeira curva um kart rodou à sua frente. Raucci conseguiu desviar, evitando a batida, mas perdeu posições, caindo para o décimo quarto posto. Preso atrás de um grupo de karts que andava em ritmo próximo ao dos ponteiros, não havia como ultrapassar.
Na pista, a vitória ficou com o piloto russo Alexander Vartanyan, da Tony Kart, mas acabou recendo dez segundos de acréscimo ao tempo total de prova, por queima de largada. Com isso a vitória da etapa ficou com o britânico da Birel, Billy Monger.
A penalização também beneficiou Giuliano Raucci, já que com o acréscimo de tempo o russo ficou imediatamente atrás de Raucci, que subiu também mais uma posição, também em razão de outra penalização, esta ao italiano Lorenzo Travisanutto. O saldo final foi a décima segunda colocação final na prova e na etapa.
Nada mal para um “ilustre desconhecido” do kartismo europeu a décima segunda colocação final de Giuliano Raucci (Refrigerantes Dolly/ Energy Corse). Tudo dentro dos objetivos traçados e, melhor, acendendo as luzes de alerta dos concorrentes e chefes das equipes mis tradicionais do planeta, para o fato de que o Brasil continua – mesmo com pequena representação – sendo um inesgotável celeiro de talentos.
“Tentei fazer uma boa largada e colar nos ponteiros, para poder brigar pelas primeiras posições. Meu kart estava muito bom e acho que dava para fazer uma boa corrida, mas na largada um kart rodou na minha frente e fui obrigado a desviar. Com isso perdi várias posições e acabei preso em um pelotão que não me permitiu ir mais para frente. Gostei muito de tudo, mas acho que fiquei um pouco decepcionado com a posição final e por não ter podido brigar lá na frente”, detalhou Giuliano Raucci, com excessiva autocritica. Afinal ser décimo segundo em uma estréia em um certame com nível de campeonato mundial em que teve que se adaptar rapidamente a um chassis desconhecido, motor desconhecido, pneus desconhecidos, pista desconhecida, clima diferente e pilotos de altíssimo nível é tarefa para poucos. Para bem poucos!
“Nosso objetivo para esta etapa de estréia no WSK era de aprender o máximo possível. Embora confiantes, sabíamos que em meio a 85 dos melhores pilotos do mundo na categoria, chegar na Final era uma tarefa difícil, mas não impossível”, esclareceu o experiente piloto e pai do jovem kartista paulista, Rogério Raucci. “Foram cumpridos ambos objetivos e de uma forma consistente, com bons desempenhos e resultados, o que acabou chamando a atenção no meio de tanta gente de talento, pois eram muitos que queriam saber mais sobre o Giuliano, perguntando a quanto tempo andava de kart, de que corria no Brasil e tudo mais. O melhor foi que a extrema dedicação da equipe Energy Corse era correspondida na pista com reais chances de vitória. Ser 12º em meio a um grid desse tamanho e qualidade é algo para ser muito comemorado”, concluiu Raucci Sr.
A próxima etapa do WSK Master Séries será no dia 27 março, em Castelletto di Branduzzo (PV), na Itália.

Confira o resultado da Final da categoria Mini na primeira etapa do WSK Master Series:
1º) Monger Billy (GB), Birel LKE/Vega, com 10 voltas
2º) Martinez Merono Eliseo (E), CRG/Parilla, a 1s652
3º) Lorandi Alessio (I), Tony Kart/LKE/ Vega, a 1s978
4º) Marcu Dionisios (RO), Top Kart/LKE/Vega, a 3s865
5º) Ferrucci Santino (USA), Lenzo/LKE/ Vega, a 4s823
6º) Besler Berkay (TR), Top Kart/LKE/ Vega, a 5s440,
7º) Ilott Callum B. (GB), Lenzo/ LKE/Vega, a 5s603
8º) Baiz Mauricio (YV), Birel/Parilla/Vega, a 5s754
9º) Tjader Otto (S), Tony Kart/LKE/Vega, a 6s170
10º) Kulemetyev Ilya (RUS), Top Kart/Parilla/Vega, a 6s318
11º) Ahmed Enaam (GB), Lenzo/LKE/Vega, a 7s805
12º) Raucci Giuliano (Bra), Energy/Parilla/Vega, a 8s202
13º) Vartanyan Alexander (RUS), Tony Kart/Parilla/Vega, a 8s318
14º) Bale Thomas (GB), Lenzo/LKE/Vega, a 9s626
15º) Mazepin Nikita (RUS), CRG/LKE/Vega, a 9s851
16º) Angelillo Luigi (I), Tony Kart/LKE/Vega, a 10s467
17º) Mosca Tommaso (I), PCR/Parilla/Vega, a 12s326
18º) Pollara Alessio (I), FA Kart/LKE/Vega, a 12s929
19º) Zanchi Ludovic (I), Tony Kart/LKE/Vega, a 13s948
20º) Machado Alex (AND), Birel/LKE/Vega, a 14s087
21º) Travisanutto Lorenzo (I), Energy/LKE/Vega, a 14s786
22º) “Alex” (I), Tony Kart/LKE/Vega, a 15s637
23º) Guven Ayhancan (TR), Top Kart/Parilla/Vega, a 16s375
24º) Kari Niko (FIN), Birel/Parilla/Vega, a 16s677
25º) Carrara Giorgio E. (RA), Lenzo/LKE/ Vega, a 16s702
26º) Stura Alessandro (I), Top Kart/Parilla/Vega, a 16s786
27º) Valtonen Isac (S), Energy/LKE/Vega, a 17s573
28º) Florescu Petrut G. (RO), Lenzo/LKE/Vega, a 18s417
29º) Piotr Parys (PL), CRG/Parilla/Vega, a 18s649
30º) Popovic Nik (SLO), Tony Kart/LKE/Vega, a 19s570
31º) Shtol Angel (RUS), Top Kart/Parilla/Vega, a 21s391
32º) Hakkinen Hugo (FIN), CRG/LKE/Vega, a 21s552
33º) Kiselev Kirill (RUS), Tony Kart/Parilla/Vega, a 5 voltas
34º) Weyer Gaby (GB), Birel/LKE/Vega, a 7 voltas