Na condição de pole position e incumbido da tarefa de buscar a quarta vitória no Indianapolis Motor Speedway, o piloto brasileiro Helio Castroneves, do Team Penske, disputará domingo, a partir das 14 horas (horário do Brasil), a Indy 500. Mas com a experiência de quem participa de sua 10ª corrida no Indianapolis Motor Speedway, Castroneves é o primeiro a alertar para as características especiais da corrida. A Band transmitirá ao vivo para o Brasil.
A sensação que se tem é que o piloto nascido em São Paulo e criado em Ribeirão Preto tem, desde há algum tempo, mais uma cidade que pode chamar de sua, tamanha as manifestações de carinho e admiração que recebe em Indianapolis, a capital do estado de Indiana. Sua popularidade em todo os Estados Unidos é tão grande que classificá-lo como celebridade, na acepção mais correta do termo, não é nenhum exagero.
Prova disso é a maratona que recheia sua agenda desde o primeiro dia de atividades em pista, 15 de maio. Intercalando treinos, classificação e o trabalho técnico propriamente dito em grande intensidade, com compromissos extra-pista (com patrocinadores, participação em eventos da equipe e cumprimento de uma vasta agenda com a imprensa), seus dias de 24 horas são muito curtos. Neste ano, houve ainda o lançamento de seu livro Victory Road, sua autobiografia que aborda aspectos de sua vida dentro e fora das pistas.
Durante todos os dias de testes, Castroneves e sua equipe de técnicos, liderada por Tim Cindric e o engenheiro Ron Ruzewski, testaram várias opções de acerto para a classificação e corrida. No domingo, logo após o Bump Day, todos os três carros da equipe Penske foram inteiramente desmontados e o treino livre realizado no Carb Day, hoje, serviu primordialmente para verificar se estava tudo em ordem. E estava.
MOMENTOS INESQUECÍVEIS – Helio Castroneves nunca foi campeão da Indy Racing League. Bateu na trave duas vezes, quando foi vice em 2003 e 2008. Mas não pense que estará deixando o piloto incomodado se o fizer escolher entre ser campeão da temporada ou vencer a Indy 500 pela quarta vez. Eu estou lutando com todas as minhas forças para me manter em condições de lutar pelo título. A Fórmula Indy é muito competitiva e o campeonato é longo. Então, certamente, esse é um grande objetivo. Mas não vou negar, se tivesse de escolher, preferiria vencer aqui pela quarta vez, revelou o vencedor da Indy 500 de 2001, 2002 e 2009.
Tal ligação afetiva com a mais importante prova do calendário não está relacionada apenas com suas três vitórias conquistada no circuito localizado no nº 4790 da West 16th Street. O sonho de correr em Indianapolis foi realizado em 2001, quando seguia em curso a divisão entre a Cart, então campeonato do qual participava a Penske, e a IRL, que desde 1996 fazia o seu certame paralelo, incluindo da Indy 500 no calendário.
Apesar dessa situação política, Roger Penske decidiu participar da edição de 2001 com seus dois pilotos, Helio Castroneves e Gil de Ferran, e o resultado não poderia ser melhor para o então estreante. Naquele 27 de maio de 2001, exatos 17 dias depois de completar 26 anos, largou em 11º com o Dallara Oldsmobile nº 68 e venceu a prova em 3h31min54s18000, liderando 52 das 200 voltas.
Em 2002, Roger Penske deixou em definitivo o campeonato organizado pela Championship Auto Racing Teams e passou a se dedicar inteiramente à Indy Racing League. Nesse novo formato, O Team Penske novamente alinhou com Gil de Ferran e Helio Castroneves, que assinalou a 13ª colocação no grid e liderou somente 24 voltas durante as 3h00min10s8714 da prova, mas suficientes para comemorar a Indy 500 pela segunda vez e se tornar o quinto piloto na história da competição a vencer duas provas consecutivamente. Antes, apenas Wilbur Shaw (1939/1940), Mauri Rose (1947/1948), Bill Vukovich (1953/1954) e Al Unser Sênior (1070/1971) obtiveram tal feito.
Nos anos anteriores, mesmo assinalando as poles de 2003 e 2007, ficou sete anos sem vencer em Indianapolis. A virada, porém, aconteceria em 2009 e de forma marcada pela emoção. A terceira vitória aconteceu exatamente no dia 24 de maio daquele ano, cerca de um mês após sua absolvição pela justiça dos Estados Unidos. Como que dando um presente a si mesmo, aos familiares, fãs do mundo todo e amigos realmente fiéis, Castroneves faturou a pole, liderou 66 voltas e após 3h19min34s6427, pôde comemorar de forma emociona da terceira vitória na Indy 500.
A corrida é longa, e ninguém vai ganhar a corrida na primeira volta. É um jogo de paciência, estratégia, competência e também sorte. Como diz o meu spotter, o grande Rick Mear: Para você terminar em 1º na corrida, primeiro precisa terminar a corrida. Então, estou muito confiante, o trabalho que realizamos para acertar o carro foi muito eficiente e, agora, é ir para a pista com bastante energia positiva e fé, disse Castroneves.
Ele comentou ainda que variações como temperatura, vento, condições da pista e as eventuais bandeiras amarelas têm influência direta na prova, assim, pequenas regulagens durante os pits, entre sete de dez durante as 500 milhas, poderão ser feitas para melhorar a performance. Lembrou que a Indy 500, ao contrário dos demais ovais da temporada, permite regulagens também do aerofólio traseiro, além das asas dianteiras.