Entre os dias 7 e 11 deste mês foi disputado no Kartódromo Rodrigo Santos, em Goiânia (GO), a primeira fase do 44º Campeonato Brasileiro de Kart, que imprimindo a marca da nova gestão da CBA Confederação Brasileira de Automobilismo utilizou pela primeira vez no Brasil os padrões de regulamento CIK/FIA – os mesmos utilizados no Campeonato Mundial de Kart – para definir os campeões da edição 2009, em substituição às normas habitualmente utilizadas e contidas no RNK- Regulamento Nacional de Kart.
A principal mudança desportiva é em relação ao sistema de pontuação que foi substituído, já que ao invés da soma de pontos obtidos ao longo das quatro provas de cada classe no certame nacional, o novo sistema adotado cristaliza como campeão o vencedor apenas da última corrida, a Bateria Final, substituindo, em síntese, a regularidade de bons desempenhos pela pontaria de tiro único, o que não significa, necessariamente, premiar-se o melhor competidor. Aliás, do velho regulamento nem a forma de classificação para formação do grid foi reciclada, já que na nova proposta são realizadas duas tomadas classificatórias, considerando apenas o melhor tempo adquirido por casa piloto – independente de qual tomada ele foi obtido. E essa classificação torna-se válida para todas as provas classificatórias, não somente para a formação do grid da primeira bateria.
Então, caro leitor, você se pergunta: Legal e isso muda o que?
Muda importantes resultados, até mesmo históricos. Para provar isso vamos fazer uma comparação com o GP de Fórmula 1, que todos sabem, ia sofrer algumas modificações em seu sistema de escolha de campeão se adequando a um modelo proposto por Max Mosley em qual apenas seria campeão, aquele que mais vitórias acumulasse durante toda a temporada de GPs. Após algumas pesquisas descobriu-se que se este critério fosse adotado desde o inicio da F1 20% dos títulos teriam donos diferentes. Ayrton Senna, por exemplo, passaria a somar quatro títulos em vez de três, incluindo o polêmico campeonato de 1989, quando foi tirado da pista pelo francês Alain Prost no GP do Japão.
E no kart?
No Kart também teríamos mudanças, mas é claro desculpe caro leitor – não vamos desenterrar 44 edições para descobrir quem ficaria ou não com cada título. Mas só para exemplificar, na segunda fase do Campeonato Brasileiro de Kart de 2008, disputado em Nova Santa Rita (RS), se adotada a nova forma regulamentar o título conquistado por Felipe Guimarães na categoria Graduados A seria de Dennis Dirani, que venceu a última bateria, mas ficou com o vice-campeonato.
Nesta 44ª edição o novo modelo também chamou atenção, primeiro porque ele, apesar de em vigor, ainda não estava sendo usado pelos Comissários Desportivos e pela Direção de Provas, já que erroneamente formou os grids das provas classificatórias das categorias Novatos e Junior ainda nos moldes antigos e, ao perceberem o erro mais adiante, decidiram dar por canceladas as provas dessas classes válidas como segunda bateria classificatória.
Caso a regulamentação prevista no RNK Regulamento Nacional de Kart fosse mantida nesta edição de 2009, alguns resultados finais certamente seriam diferentes, como o do piloto paulista Jean Aguiar (Pneus Fuke Reformadora/ Pneus Levorin/ TecSider Transportes/ Leste Kart), que estabeleceu a pole position na pratica classificatória que definiu a ordem dos micromonopostos para as baterias classificatórias da categoria Junior, venceu ambas as provas da sexta-feira, completou em terceiro a Pré-Final e encerrou a prova Final, a que definiu o resultado final do certame, com o quinto posto conquistado. Caso permanecesse o sistema até então adotado, André Pedralli manteria o título, Marco Tulio o vice-campeonato e Jean Aguiar teria, merecidamente, conquistado a terceira colocação do campeonato e desfilado na caminhonete da CBA na volta dos campeões.
Indagado sobre o prejuízo causado pela mudança de regras, o piloto respondeu, Eu não fico chateado com isso. Na hora eu fiquei triste, porque foi uma semana de intenso trabalho e no final acabei na quinta colocação, ou seja, esse novo modelo acabou me prejudicando, porém eu achei interessante essa mudança, por que agora existem chances até o final de se conseguir o título. Competição é assim mesmo.
Apesar da colocação obtida no final do campeonato, Jean Aguiar apresentou expressivos resultados durante a semana. Durante os treinos livres Jean não figurava entre os mais rápidos, ficando ao final de cada sessão entre o sétimo e o oitavo melhor tempo de sua classe, mas na tomada de tempos classificatórios surpreendeu ao estabelecer a volta mais rápida dos dois treinos e conquistando a pole-position. Não foi exatamente o resultado de uma estratégia desenvolvida. Optamos por utilizar o segundo motor e o segundo carburador na classificação e estes se mostraram até mais competitivos que os que definíramos como titular. Sabíamos que tínhamos condições de uma boa classificação, mas não contávamos com a conquista da pole, revelou Jean Aguiar ao final do dia reservado para a definição dos grids.
Tanto na primeira, quanto na segunda bateria classificatória – disputadas na sexta-feira – Jean Aguiar conseguiu largar bem e manter-se na liderança até o final de cada prova, que venceu com folgas. Porém no sábado a prova Pré-Final revelou que desempenho de seu kart não era o mesmo do dia anterior e mesmo partindo da posição de honra e mantendo a dianteira nas primeiras metade da corrida, não conseguiu conter o ímpeto de André Pedralli, que assumiu a liderança da prova e, voltas depois, também de Ítalo Leão, que ficou com a segunda colocação. Tudo estava igual ao dia anterior no kart. O chassis foi totalmente revisado pela Leste Kart, o Tibola revisou o motor e a única mudança foi do jogo de pneus, que acreditamos ser o responsável pela mudança de desempenho que definiu o resultado final, contou o kartista paulista que completou na terceira colocação.
Aguiar, mantendo-se assim até o final da disputa.
Horas depois, na bateria Final, o paranaense André Pedralli largou na ponta e não encontrou oposição na corrida, conseguindo se distanciar do segundo colocado, Marco Túlio, também conseguiu abrir vantagem para Johilton Filho e Jean Aguiar, que duelavam pela terceira colocação. Porém o intenso combate acabou beneficiando Victor Franzoni e Ítalo Leão, que conseguiram aproximar-se e, com melhor rendimento de seus equipamentos, conseguiram superar Aguiar a Johilton, que acabou finalizando na quinta colocação. Confesso que não era o resultado que esperávamos, mas estar entre os cinco melhores do Brasil no pódio também é incrível, pelo que não posso deixar de agradecer aos meus patrocinadores e a todos que me apoiaram desde o começo do ano, pois é isso que faz a diferença, finalizou o piloto.
Confira o resultado da bateria final da categoria Junior
1º) André Pedralli, com 25 voltas em 17m23s857
2º) Marco Túlio, a 4s717
3º) Italo Leão, a 5s127
4º) Victor Franzoni, a 6s221
5º) Jean Aguiar, a 6s503
6º) Matheus Rotta, a 7s074
7º) Johilton Filho, a 9s305
8º) Sergio Câmara, a 9s511
9º) Diogo Ribas, a 9s755
10º) Gabriel Casagrande, a 12s910
11.- Edson Coelho Jr, a 17s184
12º) João Marcos Fonseca, a 34s643
13º) Joaquim Junqueira, a 1 volta
14º) Philipe Pinheiro, a 11 voltas
15º) Eurico Tavares, a 21 voltas