O COI (Comitê Olímpico Internacional) divulgou aqui no Brasil, que na próxima Olimpíada, a ser disputada em Tóquio (Japão), em 2020, que basebol e softbol, escalada esportiva, caratê, skate e surfe passarão a ser esportes olímpicos. Muitas outras modalidades poderiam ser olímpicas. Quando se fala em esportes olímpicos, também se questiona porque o automobilismo não é olímpico. Há alguns anos, consultado, o COI informou que não poderia por ser um esporte onde a máquina tem muita influência no resultado, afirmando que o atleta tem que ser a figura central. Esta tese já caiu por terra uma vez que no hipismo muita vezes o cavalo é quem determina o resultado, o mesmo ocorre na vela, onde uma quebra ou falha do equipamento tira o atleta da prova. Outras modalidades como canoagem, tiro e também o skate, que passará a ser olímpico em Tóquio, o equipamento pode influenciar no resultado.
O automobilismo tem diversas modalidades e algumas delas sofrem alterações de país a pais. Mas entendo que o kart poderia ser olímpico, porque é praticado em todos os países do mundo, é a categoria escola para todas as modalidades do automobilismo e seria equalizado para todos os participantes.
Mas o kart tem várias categorias. Acho que deveria fazer parte de uma Olimpíada a categoria Graduados, considerada o ápice do kartismo. Ela agrega pilotos com idade mínima de 14 anos e o conjunto piloto/equipamento tem peso mínimo de 155 quilos.
Do ponto de pista humano, o piloto tem um esforço físico muito grande. Para serem competitivos em competições nacionais, como Brasileiro, Copa Brasil e Copa das Federações, os pilotos precisam de preparação física e aeróbica. É por isso que se houve que este ou aquele piloto está se preparando em academia ou em piscinas. Há uma grande exigência físico/mental, uma vez que os reflexos do piloto são fundamentais para a conquista de bons resultados. A inteligência do piloto e de seus preparadores determina a rapidez com que se desenvolvem os acertos do equipamento para diferentes pistas, condições climáticas, tais como chuva, sol, temperatura, pressão atmosférica e etc.
Do ponto de vista técnico, o regulamento segue padrões mundiais, regidos pela CIK-FIA (Comissão Internacional de Kart), órgão da FIA (Federação Internacional de Automobilismo). Em termos de chassis e pneus, hoje há uniformidade em todo o mundo. Quanto a motor se usa os de 125cc. No entanto, europeu e asiáticos preferiam motores com embreagem, mas que custam mais caro. O Brasil desenvolveu o motor sem embreagem, mais baratos, e hoje a CIK adotou em todo o mundo com a denominação de motor Ok. É uma contribuição do Brasil para o mundo.
Tornando-se olímpico, o kart seria disputado pela categoria Graduados, com chassis, motor e pneus sorteados. A escolha dos participantes seria por Pré-Olímpicos nos cinco continentes, classificando-se os melhores (que poderia variar de 100 a 200 pilotos) para a Olimpíada. Para a pré-qualificação, cada país poderia enviar seus campeões e indicar mais três ou quatro. Somando os prés de todos os cinco continentes, poderíamos ter a participação de mil pilotos.
O Kart Olímpico é uma tese que deverá ser defendida por quem gosta da modalidade e quem deseja ver o equilíbrio homem/máquina ou o domínio do homem sobre a máquina. (Coluna Bandeirada – Jornal O Paraná de 11/08/16).