Às vésperas da última etapa do Campeonato Brasileiro de Fórmula Truck, o paranaense Pedro Muffato comemora uma marca estatística histórica. O piloto completou ontem quadro décadas de participação em corridas das mais variadas séries automobilísticas. Ele vive a expectativa de comemorar sua marca com a vitória na prova que definirá o título da categoria dos caminhões no Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Brasília, no domingo.
A história de Muffato no automobilismo teve início no dia 4 de dezembro de 1966, dia em que disputou as 300 Milhas de Cascavel formando dupla com Villi Tien. Eles inscreveram o Simca Chambord número 32, que ostentava os nomes dos apoiadores Casa Muffato, Simcauto e Bar Paulista. A prova transcorreu num traçado de 5.500 metros delimitado nas ruas de terra de Cascavel. Após mais de quatro horas de corrida, a dupla ficou com a 11ª colocação.
O Villi pilotou na primeira parte da prova, mas deu uma volta a mais que o combinado e o combustível acabou antes de ele conseguir chegar aos boxes, relembra Muffato, que tinha 24 anos à época. Ele empurrou o carro por mais de 100 metros, perdemos muito tempo com isso e a chance de ganhar a corrida foi embora, acrescenta. Foi um momento inesquecível, nunca mais parei de correr e o automobilismo deu o grande sentido à minha vida, avalia.
O envolvimento cada vez maior com as competições fez com que Muffato mudasse o próprio cotidiano. Eu passei a conciliar todos os meus compromissos com os calendários de corridas. Sempre que precisava marcar alguma viagem ou algo do gênero, marcava para antes da corrida ou depois da corrida, relata. Um dia, um amigo argentino perguntou se eu não perdia muito tempo com as corridas. Eu respondi que não, que ganhava tempo com as corridas.
Participar de corridas de carros, para Pedro Muffato, tornou-se um meio de descarregar adrenalina, conforme ele próprio define. O tempo que permaneci dentro dos carros de corrida foi o tempo que mais me fez bem, correr é algo que me faz muito bem, um anti-stress que não posso descrever, define. Desde as 300 Milhas, 40 anos atrás, Pedro atuou em dezenas de categorias, destacou-se como construtor de carros de corrida e construiu uma história vitoriosa.
A trajetória vitoriosa teve na temporada de 2006 da Fórmula Truck um de seus momentos mais marcantes. Muffato conquistou na etapa de Fortaleza a sua primeira vitória na categoria, liderou o campeonato, foi ao pódio quatro vezes e chega a Brasília para a última etapa ainda com chances matemáticas de conquista do título. Uma possibilidade que confessa não levar em conta. Vou a Brasília para vencer a corrida, mas o campeonato, para mim, já foi embora, diz.
Na etapa passada, em Tarumã, tive a quebra do cardã e isso acabou com a chance de título. O caminhão está revisado, vamos a Brasília confiantes, a chance de vencer é grande, avisa o piloto, que tem no Scania eletrônico número 20 as logomarcas dos patrocinadores Autotrac, FAG, Muffatão e Coopavel e dos parceiros Tuzzi, Fras-Le e Hotéis Everest. Ele já tem participação confirmada no campeonato de 2007. Talvez, com outra marca de caminhão, adianta.
Pedro Muffato chega a Brasília como terceiro colocado na classificação do campeonato, com 88 pontos. Para ser o campeão, depende da vitória na capital federal e de uma improvável combinação de resultados que o faça superar Renato Martins, líder com 111, e Vinicius Ramires, vice com 100. O também paranaense Wellington Cirino, quarto colocado com 87 pontos, sustenta chances matemáticas igualmente remotas de conquistar o título da atual temporada.