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Cerca de um ano após ter assumido a presidência da Comissão Nacional de Kart, o paranaense Rubens Gatti faz um balanço desse período, quando liderou a CNK auxiliado pelos conselheiros Binho Carcasci e Felipe Giaffone. Gatti, que acumula o cargo de presidente da Federação Paranaense de Automobilismo (entidade que lidera o ranking nacional de pilotos entre as federações brasileiras), acredita que o processo iniciado em março passado já mostrou sua validade e indicou as correções que devem ser feitas para consolidar a nova fase do kartismo brasileiro. Nesta entrevista o paranaense aborda esse e outros assuntos, desde os problemas enfrentados no ano passado, passando pelas distorções geradas por comentários desprovidos de qualquer base verídica até o futuro dos motores a ar e a forma de disputa dos campeonatos brasileiros.

Qual o objetivo da Comissão Nacional de Kart após o primeiro ano do seu mandato à frente da CNK?

A palavra de ordem da Comissão Nacional de Kart é reduzir custos para o piloto, um trabalho a longo prazo e que, por isso mesmo, foi o primeiro a ser iniciado. Perseguimos esse objetivo desde março do ano passado e em 2010 entramos numa fase de consolidação de acertos e correção de erros. Um exemplo disso é a homologação da nova geração de motores refrigerados a água, onde vários fabricantes aderiram ao projeto da CBA, que prega motores com mesmas dimensões internas e peças intercambiáveis. Para quem acha que desta forma todos os motores serão iguais, lembro que esta solução vai destacar o controle de qualidade de cada fabricante, onde o melhor preço fará a diferença junto aos compradores. Esta medida também implica em padronizar equipamentos e regulamentos para aproveitar as vantagens proporcionadas pela economia de escala.

Durante esse primeiro ano à frente da CNK quais os problemas que sua equipe enfrentou?

O principal problema que enfrentamos é uma prática que devemos combater no kartismo e em também em outras categorias do automobilismo nacional: eliminar a difusão de informações distorcidas e carentes de fundamento. É muito comum uma idéia circular no paddock e, num passe de mágica ser transformada em nova homologação sem que nem fabricantes nem comissários técnicos tenham sequer conhecimento dessa novidade.

Quais as críticas que a CNK recebeu nesse período?

Não temos porque esconder que recebemos críticas construtivas e válidas e, sob esta ótica, analisamos as soluções mais viáveis para implementação a curto prazo e a custos factíveis com a nossa realidade. A formação de mais comissários técnicos e desportivos, algo necessário para absorver a carga de trabalho que recai sobre estes elementos fundamentais ao esporte, é uma resposta concreta a algumas dessas criticas que nos foram encaminhadas de maneira sensata e colaborativa. A solução demanda tempo, mas será notada mais cedo do que muitos esperam. O presidente Cleyton Pinteiro conseguiu, junto à FIA, a vinda de um comissário europeu para realizar um seminário que vai formar mais comissários capazes de agir como multiplicadores dessa formação.

Alguns pilotos e preparadores contestaram a manutenção do motor a gasolina e refrigerado a ar e para a categoria Sênior B. Qual sua resposta para essas pessoas?

Antes de tomar essa decisão ouvimos vários preparadores e concluímos que, sob a ótica de priorizar a durabilidade do motor, o combustível gasolina é mais eficiente por evitar a oxidação das peças internas. Além disso, existe uma quantidade enorme de motores refrigerados a ar no mercado e entendemos que seria mais sensato proporcionar uma sobrevida de uma temporada para esse equipamento.

A criação da categoria Super Cadete poderá diminuir o grid da categoria Júnior Menor como alegam alguns críticos?

O lançamento da Super Cadete em 2010 é uma experiência que será avaliada ao final da temporada. Por ser um degrau entre duas categorias já existentes, ela permite essa avaliação gerando uma diluição no investimento necessário que os pais devem fazer para manter a progressão da carreira dos seus filhos: em vez de trocar todo o kart ao final do ano, troca-se apenas o motor, retardando a substituição do chassi em um ano. De qualquer forma, a CNK reitera que se trata de uma experiência que foi baseada exatamente para amortizar o degrau entre as duas categorias tanto no nível técnico quanto econômico. Essa categoria já existe na Granja Viana, um dos pólos mais importantes do kart brasileiro, e tem mostrado bons resultados práticos.

Com relação à suposta diminuição de grids lembro que hoje a maior concentração de pilotos está nas categorias cadete e mirim, aquelas que suprem o grid da categoria Júnior; trata-se de uma situação que reflete um trabalho iniciado há algum tempo e desenvolvido em cima de custos baixos.

Historicamente os campeonatos brasileiros sempre foram disputados em uma única etapa e envolvendo todas as categorias. Atualmente há cobranças para que ele seja desmembrado em várias rodadas e que seja mantido apenas em grandes centros. Qual a sua opinião sobre isso?

Quanto às sedes temos que prestigiar tanto os grandes centros quanto aqueles não tão grandes, mas que tenham condições de crescer e, com isso, consolidar o crescimento do kartismo em todo o País. Sobre dividir o campeonato em varias etapas esbarramos em fatores como custos e o calendário escolar, fatores que aprovam a forma atual.